5 de outubro de 2009

Degeneração democrática

Há uma forma de república (...) na qual o poder supremo não emana da Lei, mas da multidão, cujas reivindicações passam por cima da Lei. Pois nas repúblicas constitucionais, os melhores cidadãos ocupam os primeiros lugares, e não há espaço para demagogos mas onde a Lei não é suprema, os demagogos prosperam. Esse tipo de regime é uma degeneração da república, assim como a tirania é uma degeneração da monarquia. O espírito de ambas as degenerações é o mesmo. Os decretos da multidão se assemelham aos éditos do tirano e o demagogo que corteja o povo corresponde ao cortesão que bajula o ditador. (...) Os demagogos, submetendo as decisões políticas às assembléias populares, fazem que as vontades da multidão fiquem acima da Lei. E como o povo é conduzido pelos demagogos, estes se engrandecem. Se alguém não se conforma e recorre à Justiça, os demagogos dizem: "que o povo decida." E o povo aceita com prazer a incumbência. Desse modo as autoridades constituídas se desmoralizam. Essas democracias, na verdade, não têm Constituição pois onde a Lei não tem autoridade, não há Constituição.

(Aristóteles, Política, livro IV, 4)

18 de março de 2009

Ovelhas no meio de lobos

Cristo enviou os seus discípulos como ovelhas no meio de lobos. Deveríamos meditar sobre esta comparação, antes de fazermos um pacto com o mundo.

Card. H. U. von Balthasar, Communio 4 (1988) p. 309

29 de novembro de 2008

A cidade são os homens

Porventura considerais que uma cidade é feita de pedras e de paredes? A cidade são os homens e não as casas!

Santo Agostinho

Correção

Tudo o que nesta vida possa um homem sofrer, se ele o aproveita para se corrigir, é para o seu bem; senão é duplamente condenado: aqui, sofre as penas temporais; no além, pagará as eternas.

Santo Agostinho

Atitude no sofrimento

Ó homem, não está em tua mão sofrer ou não sofrer, mas sim se no sofrimento tua vontade se degrada ou se dignifica.

Santo Agostinho

Misericordioso flagelo do castigo

E os homens se admiram - e oxalá ficassem só na admiração, ao invés de também blasfemarem - quando Deus corrige o gênero humano e envia o misericordioso flagelo do castigo, para que os homens se emendem antes do dia do juízo. E o faz, em geral, sem escolher os que prova, pois não quer que ninguém se perca. Atinge, pois, indistintamente, pecadores e justos; ainda que ninguém possa considerar-se justo, pois até Daniel confessa seus próprios pecados.

Santo Agostinho

De urbis excidio

De urbis excidio. Nossas cidades foram arrasadas.

Na catástrofe que se abateu sobre o Vale do Itajaí, tivemos uma oportunidade para observar a natureza humana como que sob uma lente de aumento. As escolhas morais em um momento como este ficam mais aparentes.

As pessoas, quando escolhem, se posicionam e se dividem em dois campos. Trigo ou joio. Ovelhas ou carneiros. Do lado direito e do lado esquerdo.

Houve quem esquecesse de suas próprias necessidades para ajudar os outros em abrigos e quem aplicasse golpes na praça a pretexto de recolher ajuda.

Uns acolheram estranhos em suas casas; outros entraram nas casas abandonadas para furtar.

Houve quem distribuísse pão a preço de custo ou mesmo de graça e quem praticasse preços abusivos aproveitando-se de pessoas que não tinham opção.

Pessoas organizaram páginas com informações vitais na Internet. Outras criaram comunidades para fazer piadas macabras sobre a tragédia.

Voluntários se juntaram às forças de trabalho. Outros passavam trotes usando as linhas de emergência.

Inúmeros anônimos ajudaram discretamente sem que uma mão soubesse o que a outra estava fazendo, enquanto alguns famosos aproveitavam os holofotes para se promover ainda mais.

Como ensinou Santo Agostinho, convivem na Terra duas cidades: a cidade de Deus e a cidade dos homens. E nesta tragédia vimos as duas claramente.

5 de novembro de 2008

Seremos obrigados a expiar por nossos pecados

Espero que nenhum de vocês tenha a menor dúvida a respeito da existência do Purgatório. A Igreja, à qual Jesus Cristo prometeu a guia do Espírito Santo e à qual, consequentemente, não pode se enganar nem nos enganar, ensina-nos sobre o Purgatório de um modo bem claro e positivo. Isto é uma certeza mais que certa, de que lá é um lugar onde as almas dos justos completam a expiação por seus pecados, antes de serem finalmente adimitidas na glória do Paraíso, o qual, diga-se de passagem, já está assegurado a elas.

Sim meus caros irmãos, isto é um artigo de Fé: se nós não tivermos feito penitência proporcional à gravidade de nossos pecados, ainda que tenhamos sido absolvidos no Sagrado Tribunal da Confissão, nós seremos obrigados a expiar por eles.

S. João Batista Vianney

19 de setembro de 2008

Apóstola dos apóstolos

Os Evangelhos informam-nos que as mulheres, diversamente dos Doze, não abandonaram Jesus na hora da Paixão. Entre elas destaca-se, em particular, Madalena, que presenciou a Paixão, mas que para além disso foi também a primeira testemunha do Ressuscitado e quem O anunciou. É precisamente para Maria de Magdala que S. Tomás de Aquino reserva a singular qualificação de «apóstola dos apóstolos», dedicando-lhe este bonito comentário: «Como uma mulher tinha anunciado ao primeiro homem palavras de morte, assim uma mulher foi a primeira a anunciar aos apóstolos palavras de vida».

Papa Bento XVI

13 de setembro de 2008

As mãos de Maria

É vontade de Deus que nada tenhamos senão pelas mãos de Maria.

São Bernardo

10 de setembro de 2008

A verdadeira dignidade

A verdadeira dignidade do homem e a sua excelência reside nos seus costumes, isto é, na sua virtude; a virtude é o patrimônio comum dos mortais, ao alcance de todos, dos pequenos e dos grandes, dos pobres e dos ricos; só a virtude e os méritos, seja qual for a pessoa em quem se encontrem, obterão a recompensa da eterna felicidade.

Papa Leão XIII
Rerum Novarum

8 de setembro de 2008

O primeiro ser plenamente humano

"Deus abandonará o seu povo até ao tempo em que der à luz aquela que há-de dar à luz..."
Livro de Miqueias 5

Quando chegou para a natureza humana o momento de se encontrar com a natureza divina e de ficar unida a ela tão intimamente que as duas não formassem senão uma só pessoa, cada uma delas devia necessariamente ter-se manifestado já na sua integridade. No que toca a Deus, Ele tinha-se revelado da maneira que convinha a Deus; a Virgem é aquela que dá à luz a natureza humana... Até parece que, se Deus se misturou com a natureza humana não na sua origem mas no fim dos tempos (Ga 4,4), foi porque, antes desse momento, esta natureza ainda não tinha plenamente nascido, ao passo que agora, em Maria, ela aparece pela primeira vez na sua integridade...
     
É tudo isto que viemos celebrar hoje, com todo o seu brilho. O dia do nascimento da Virgem é também o do nascimento da humanidade inteira, porque esse dia viu nascer o primeiro ser plenamente humano. Agora, "a terra" verdadeiramente "deu o seu fruto" (Sl 66,7), esta terra que, desde sempre, entre silvas e espinhos, apenas tinha produzido a corrupção do pecado (Gn 3,18). Agora o céu sabe que não foi criado em vão, uma vez que a humanidade, para a qual foi construido, vê a luz do dia...
      
É por isso que toda a criação faz subir até à Virgem um louvor sem fim, que todas as línguas cantam a sua glória em uníssono, que todos os homens e todos os coros dos anjos não cessam de compor hinos à Mãe de Deus. Também nós a cantamos e lhe oferecemos todos juntos o nosso louvor... Só a ti, Virgem digna de todo o louvor, assim com ao teu amor pelos homens, cabe apreciar o benefício da graça obtida não por nós mas pela tua generosidade. Escolhida como dom oferecido a Deus entre toda a nossa raça, revestiste de beleza o resto da humanidade. Santifica, pois, o nosso coração que concebeu as palavras que te dirigimos e impede o terreno da nossa alma de produzir qualquer mal, pela graça e bondade de teu Filho único, Senhor nosso Deus e nosso Salvador, Jesus Cristo.

São Nicolau Cabasilas (c. 1320-1363),
teólogo leigo grego

5 de setembro de 2008

O que Lhe entrega?

"Se você não entrega o seu coração a Deus, o que Lhe entrega?"


Padre Pio de Pietrelcina

Corresponder ao Criador

De entre todos os movimentos da alma, de entre todos os sentimentos e os afetos da alma, o amor é o único que permite à criatura corresponder ao seu Criador, senão de igual para igual, pelo menos de semelhante para semelhante.


São Bernardo (1091-1153),
monge cisterciense e doutor da Igreja

4 de setembro de 2008

Pescadores de homens

"Eis que vou enviar grande número de pescadores que os pescarão, oráculo do Senhor" (Jr 16,16). Mostra-nos assim a nossa grande missão: a pesca. Diz-se ou escreve-se por vezes que o mundo é como um mar. Há muita verdade nesta comparação. Na vida humana, como no mar, há períodos de calma e de tempestade, tranquilidade e ventos violentos. Os homens encontram-se frequentemente em águas amargas, entre grandes vagas; avançam no meio de tormentas quais tristes navegadores, até quando parecem alegres, mesmo exuberantes: as suas gargalhadas tentam dissimular o seu desencorajamento, a sua decepção, a sua vida sem caridade nem compreensão. Devoram-se uns aos outros, como os peixes.

Fazer de modo a que todos os homens entrem, de boa vontade, nas redes divinas e se amem uns aos outros, eis a tarefa dos filhos de Deus. Se somos cristãos, devemos transformar-nos nestes pescadores que descreve o profeta Jeremias com a ajuda de uma metáfora que Jesus Cristo igualmente empregou por várias vezes: "Vinde após mim e farei de vós pescadores de homens", disse ele a Pedro e a André.

S. José Maria Escrivá de Balaguer (1902-1975),
presbítero, fundador

3 de setembro de 2008

Ele fala-nos ao coração quando é o coração que lhe reza

Como não recordar um Mestre como este, que nos ensinou a oração, que a ensinou com tanto amor e com um tão vivo desejo de que ela nos seja proveitosa?... Sabeis que Ele nos ensina a rezarmos no isolamento. É assim que Nosso Senhor fazia sempre, quando rezava, não que isso lhe fosse necessário, mas porque queria dar-nos o exemplo. Já dissemos que não seríamos capazes de falar ao mesmo tempo a Deus e ao mundo. Ora não fazem outra coisa os que recitam as suas orações e, ao mesmo tempo, escutam o que se diz à volta deles, ou se demoram nos pensamentos que lhes ocorrem sem se preocuparem em afastá-los.

Não falo daquelas indisposições que aparecem por vezes e, ainda menos, da melancolia ou da fraqueza de espírito que afligem certas pessoas e as impedem de se recolher, apesar dos seus esforços. O mesmo acontece com aquelas tempestades interiores que às vezes podem perturbar os fiéis servos de Deus, mas que Este permite para seu maior bem. Na sua aflição, procuram em vão a calma. Façam o que fizerem, não conseguem estar atentos às orações que pronunciam. O seu espírito, longe de se fixar em nada, parte de tal maneira à aventura que eles parecem ter sido atingidos por uma espécie de frenesim. Pelo sofrimento que isso lhes provoca, verão bem que a culpa não é deles; não se atormentem, pois, por isso... Uma vez que a sua alma está doente, que se apliquem a conceder-lhe algum repouso e se ocupem em qualquer outra obra de virtude. É isso que devem fazer as pessoas que se vigiam a si mesmas e que compreendem que não se poderia falar a Deus e ao mundo ao mesmo tempo.

O que depende de nós é que tentemos estar no isolamento para rezar. Queira Deus que isso baste, repito, para compreendermos em presença de quem estamos e que resposta dá o Senhor aos nossos pedidos! Pensais que Ele se cala, de tal forma que não o ouçamos? Certamente que não. Ele fala-nos ao coração quando é o coração que lhe reza.

Santa Teresa de Ávila (1515-1582),
carmelita, doutora da Igreja

31 de agosto de 2008

Praticam e aplaudem

A ira de Deus se manifesta do alto do céu contra toda a impiedade e perversidade dos homens, que pela injustiça aprisionam a verdade.

São repletos de toda espécie de malícia, perversidade, cobiça, maldade; cheios de inveja, homicídio, contenda, engano, malignidade.

São difamadores, caluniadores, inimigos de Deus, insolentes, soberbos, altivos, inventores de maldades, rebeldes contra os pais.

São insensatos, desleais, sem coração, sem misericórdia.

Apesar de conhecerem o justo decreto de Deus que considera dignos de morte aqueles que fazem tais coisas, não somente as praticam, como também aplaudem os que as cometem.

São Paulo Apóstolo
Romanos, 1, 18.29-32

30 de agosto de 2008

"Depois que o Supremo bater o martelo, não adiantará recorrer ao Santo Padre." - Ministro Marco Aurélio de Mello em entrevista à Veja, sobre a permissão para o aborto de anencéfalos.

Mas à Nossa Senhora sempre adiantará, sim, recorrer. Quanto mais negra a noite, maior é o anseio pela Aurora. Por aquela que esmaga a cabeça da Serpente.

Sub tuum praesidium confugimus,
Sancta Dei Genitrix.
Nostras deprecationes ne despicias
in necessitatibus nostris,
sed a periculis cunctis
libera nos semper,
Virgo gloriosa et benedicta. Amen.

À vossa proteção recorremos,
Santa Mãe de Deus.
Não desprezeis as nossas súplicas
em nossas necessidades,
mas livrai-nos sempre
de todos os perigos,
ó Virgem gloriosa e bendita!

O tempo não nos pertence

«Meus irmãos, até agora nada fizemos; comecemos, pois, a partir de hoje.» Era a si próprio que São Francisco dirigia esta exortação; humildemente, façamo-la nossa. É verdade que ainda nada fizemos, ou que fizemos muito pouco! Os anos sucedem-se, sem que perguntemos a nós próprios o que podíamos ter feito; quer dizer que não há nada a modificar, a acrescentar ou a cortar na nossa conduta? Vivemos sem preocupações, como se não estivesse para chegar o dia em que o Juiz eterno nos chamará a Si, em que teremos de prestar contas dos nossos actos e daquilo que fizemos com o nosso tempo.

Não percamos tempo. Não deixemos para amanhã aquilo que podemos fazer hoje; os túmulos estão cheios de boas intenções; aliás, quem sabe se amanhã ainda estaremos aqui? Oiçamos a voz da nossa consciência, que é a voz do profeta: «Oxalá ouvísseis a Sua voz! Não torneis duros vossos corações» (Sl 94, 7-8).

Só temos à nossa disposição o momento presente; velemos, pois, e vivamo-lo como um tesouro que nos foi confiado. O tempo não nos pertence; não o desperdicemos.

São [Padre] Pio de Pietrelcina (1887-1968), capuchinho

28 de agosto de 2008

Saibamos conduzir nossa alma

Aquele que exerce um comércio não procura simplesmente realizar um lucro. Esforça-se também, por todos os meios, por aumentá-lo e acrescentá-lo. Empreende novas viagens e renuncia às que lhe parecem não trazer proveito; só parte com a esperança de um negócio. Como ele, saibamos também conduzir a nossa alma pelos caminhos mais diversos e mais oportunos e adquiriremos, oh ganho supremo e verdadeiro, esse Deus que nos ensina a rezar na verdade.

S. Macário (? - 405),
monge no Egipto

27 de agosto de 2008

Fascinado pela luz do Evangelho

São Paulo se dedicou ao anúncio do Evangelho sem economizar energias, enfrentando uma série de duras provas.

Seu compromisso só se explica com uma alma verdadeiramente fascinada pela luz do Evangelho, enamorada de Cristo, uma alma baseada em uma convicção profunda: é necessário levar ao mundo a luz de Cristo, anunciar o Evangelho a todos.

Papa Bento XVI