1 de agosto de 2006

Não considerar apenas uma metade de Deus

Santo Agostinho observa que, para enganar os homens, o demônio emprega ora o desespero, ora a confiança. Após o pecado, o demônio nos mostra o rigor da justiça de Deus para que desconfiemos de Sua misericórdia. Entretanto, antes do pecado, o demônio nos coloca diante dos olhos a grande misericórdia de Deus, a fim de que o receio dos castigos, devidos aos pecados, não nos impeça de satisfazer nossas paixões.

"... Essa misericórdia sobre a qual vós cantais para poder pecar, dizei-me, quem vo-la prometeu? Não Deus, certamente, mas o demônio, obstinado em vos perder. Cuidado!", diz São João Crisóstomo, "de dar ouvidos a este monstro infernal que vos promete a misericórdia celeste... 'Deus é cheio de misericórdia, eu pecarei e em seguida confessar-me-ei.' Eis aí a ilusão, ou antes, a armadilha que o demônio usa para arrastar tantas almas para o inferno!"

Nosso Senhor, aparecendo um dia a Santa Brígida, queixou-Se: "Eu sou justo e misericordioso, mas os pecadores não querem ver senão minha misericórdia."

"Não duvideis", diz São Basílio, "que Deus é misericordioso, mas saibamos que Ele também é justo, e estejamos bem atentos para não considerar apenas uma metade de Deus."

Uma vez que Deus é justo, é impossível que os ingratos escapem do castigo... Misericórida! Misericórdia! Sim, mas para aquele que teme a Deus, e não para aquele que abusa da paciência divina.

(Sermons de S. Alphonse de Liguori, Analyses, commentaires, exposé du système de sa prédication, par le R.P. Basile Braeckman, de la Congrégation du T.S. Rédempteur, Tome Second. Jules de Meester-Imprimeur-Editeur, Roulers, pp. 55-60)

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