"A consciência moral, como diz o Catecismo da Igreja Católica, é um juízo da razão, pelo qual a pessoa humana reconhece a qualidade moral de um ato concreto que vai praticar, que está prestes a executar ou que já realizou. Em tudo quanto diz e faz, o homem está obrigado a seguir fielmente o que sabe que é justo e reto" (n. 1778).
Desta definição sobressai o fato de que a consciência moral, para ser capaz de orientar retamente o comportamento humano, deve em primeiro lugar alicerçar-se no fundamento sólido da verdade, ou seja, deve ser iluminada para reconhecer o verdadeiro valor das ações e a consciência dos critérios de avaliação, de maneira a saber distinguir o bem do mal, também onde o ambiente social, o pluralismo cultural e os interesses sobrepostos não contribuem para isto.
A formação de uma consciência autêntica, porque está fundamentada na verdade, e reta, porque determinada a seguir os seus preceitos sem quaisquer contradições, sem atraiçoamentos e sem compromissos, constitui hoje em dia um empreendimento difícil e delicado, mas imprescindível. E trata-se de uma empresa, infelizmente, impedida por diversos fatores. Antes de mais nada, na atual fase da secularização chamada pós-moderna e caracterizada por inquestionáveis formas de tolerância, não somente aumenta a rejeição da tradição cristã, mas desconfia-se inclusive da capacidade que a razão tem de compreender a verdade e as pessoas afastam-se do gosto pela reflexão. Na opinião de alguns, para ser livre, a consciência individual deveria até renunciar tanto às referências às tradições como às que se fundamentam na razão. Desta forma a consciência, um ato da razão que tem em vista da verdade acerca das coisas, cessa de ser luz e torna-se um simples pano de fundo sobre o qual a sociedade dos meios de comunicação lança as imagens e os impulsos mais contraditórios.
Papa Bento XVI