31 de agosto de 2008

Praticam e aplaudem

A ira de Deus se manifesta do alto do céu contra toda a impiedade e perversidade dos homens, que pela injustiça aprisionam a verdade.

São repletos de toda espécie de malícia, perversidade, cobiça, maldade; cheios de inveja, homicídio, contenda, engano, malignidade.

São difamadores, caluniadores, inimigos de Deus, insolentes, soberbos, altivos, inventores de maldades, rebeldes contra os pais.

São insensatos, desleais, sem coração, sem misericórdia.

Apesar de conhecerem o justo decreto de Deus que considera dignos de morte aqueles que fazem tais coisas, não somente as praticam, como também aplaudem os que as cometem.

São Paulo Apóstolo
Romanos, 1, 18.29-32

30 de agosto de 2008

"Depois que o Supremo bater o martelo, não adiantará recorrer ao Santo Padre." - Ministro Marco Aurélio de Mello em entrevista à Veja, sobre a permissão para o aborto de anencéfalos.

Mas à Nossa Senhora sempre adiantará, sim, recorrer. Quanto mais negra a noite, maior é o anseio pela Aurora. Por aquela que esmaga a cabeça da Serpente.

Sub tuum praesidium confugimus,
Sancta Dei Genitrix.
Nostras deprecationes ne despicias
in necessitatibus nostris,
sed a periculis cunctis
libera nos semper,
Virgo gloriosa et benedicta. Amen.

À vossa proteção recorremos,
Santa Mãe de Deus.
Não desprezeis as nossas súplicas
em nossas necessidades,
mas livrai-nos sempre
de todos os perigos,
ó Virgem gloriosa e bendita!

O tempo não nos pertence

«Meus irmãos, até agora nada fizemos; comecemos, pois, a partir de hoje.» Era a si próprio que São Francisco dirigia esta exortação; humildemente, façamo-la nossa. É verdade que ainda nada fizemos, ou que fizemos muito pouco! Os anos sucedem-se, sem que perguntemos a nós próprios o que podíamos ter feito; quer dizer que não há nada a modificar, a acrescentar ou a cortar na nossa conduta? Vivemos sem preocupações, como se não estivesse para chegar o dia em que o Juiz eterno nos chamará a Si, em que teremos de prestar contas dos nossos actos e daquilo que fizemos com o nosso tempo.

Não percamos tempo. Não deixemos para amanhã aquilo que podemos fazer hoje; os túmulos estão cheios de boas intenções; aliás, quem sabe se amanhã ainda estaremos aqui? Oiçamos a voz da nossa consciência, que é a voz do profeta: «Oxalá ouvísseis a Sua voz! Não torneis duros vossos corações» (Sl 94, 7-8).

Só temos à nossa disposição o momento presente; velemos, pois, e vivamo-lo como um tesouro que nos foi confiado. O tempo não nos pertence; não o desperdicemos.

São [Padre] Pio de Pietrelcina (1887-1968), capuchinho

28 de agosto de 2008

Saibamos conduzir nossa alma

Aquele que exerce um comércio não procura simplesmente realizar um lucro. Esforça-se também, por todos os meios, por aumentá-lo e acrescentá-lo. Empreende novas viagens e renuncia às que lhe parecem não trazer proveito; só parte com a esperança de um negócio. Como ele, saibamos também conduzir a nossa alma pelos caminhos mais diversos e mais oportunos e adquiriremos, oh ganho supremo e verdadeiro, esse Deus que nos ensina a rezar na verdade.

S. Macário (? - 405),
monge no Egipto

27 de agosto de 2008

Fascinado pela luz do Evangelho

São Paulo se dedicou ao anúncio do Evangelho sem economizar energias, enfrentando uma série de duras provas.

Seu compromisso só se explica com uma alma verdadeiramente fascinada pela luz do Evangelho, enamorada de Cristo, uma alma baseada em uma convicção profunda: é necessário levar ao mundo a luz de Cristo, anunciar o Evangelho a todos.

Papa Bento XVI

26 de agosto de 2008

Dar-vos-ei um coração novo

Oh meu Deus, quão admirável é o Vosso amor por nós! Sois infinitamente digno de ser amado, louvado e glorificado! Não tendo nós coração, nem espírito, que seja digno deste amor, a Vossa sabedoria e a Vossa bondade concederam-nos, porém, forma de o ser: destes-nos o Espírito e o coração do Vosso Filho, para que fosse o nosso próprio espírito e o nosso próprio coração, segundo a promessa que fizestes pelo Vosso profeta: «Dar-vos-ei um coração novo e introduzirei em vós um espírito novo» (Ez 36, 26); e, para que soubéssemos que coração e que espírito novos eram estes, acrescentastes: «Dentro de vós porei o Meu espírito» (27). Só o Espírito e o coração de Deus são dignos de amar e de louvar um Deus, são capazes de O bendizer e de O amar como Ele deve ser bendito e amado. Foi por isso que nos destes o Vosso coração, o coração do Vosso Filho, Jesus Cristo, bem como o coração de Sua Mãe e o coração de todos os santos e anjos que, em conjunto, formam um só coração, como a cabeça e os membros formam um só corpo (Ef 4, 15). [...]

Renunciai, pois, irmãos, ao vosso coração e ao vosso espírito, à vossa vontade e ao vosso amor próprio. Dai-vos a Jesus, para entrardes na imensidão do Seu coração, que contém o de Sua Mãe e o de todos os santos, para vos perderdes nesse abismo de amor, de humildade e de paciência. Se amardes o vosso próximo e tiverdes de fazer um acto de caridade, amai-o o fazei o que deveis no coração de Jesus. Se se trata de vos humilhardes, que seja na humildade desse coração. Se se trata de obedecerdes, que seja na obediência do Seu coração. Se tendes de louvar, de adorar, de agradecer a Deus, que seja em união com a adoração, o louvor e a acção de graças que nos são dados por esse grande coração. [...] O que quer que façais, fazei todas as coisas no espírito desse coração, renunciando ao vosso, entregando-vos a Jesus, para agirdes no Espírito que anima o Seu coração.

São João Eudes (1601-1680),
sacerdote, pregador, fundador de institutos religiosos

25 de agosto de 2008

Maria nos precedeu no céu

"Maria subiu ao Céu: alegrai-vos, com Cristo Ela reina para sempre. Aleluia!"

(antífona do Magnificat)

Este anúncio fala-nos de um acontecimento totalmente único e extraordinário, mas que está destinado a encher de esperança e de felicidade o coração de cada ser humano. Com efeito, Maria é a primícia da humanidade nova, a criatura em que o mistério de Cristo, encarnação, morte, ressurreição e ascensão ao Céu já teve o seu pleno efeito, resgatando-a da morte e levando-a de corpo e alma ao reino da vida imortal.

Bento XVI

22 de agosto de 2008

Ela é a Rainha

Por sua pureza imaculada, Ela é a Rainha eleita pelo próprio Deus, a Rainha amada pelos Anjos, que das alturas dos Céus reina sobre todo o universo das almas e dos mundos. Com o título de "Mãe de Deus", é Ela a Rainha dos Doutores. Pela sua força de alma, é Ela a Rainha dos mártires. Por seu amor e Justiça, é Ela a Rainha de todos os santos e de todos os predestinados por Deus à glória eterna.

Preenchida, desde o primeiro momento instante, pelas radiantes e vivificantes luzes do Verbo, absolutamente iluminada na fé ardente que a impulsionava, sua alma, virgem amante e pura, penetra o olhar, infinitamente mais profundo e divino que o dos Querubins e Serafins, no mistério insondável de Cristo do qual ela será a Mãe virgem, sem mácula. Ela é a alma mais apaixonada pelo Pai e a mais amada do Pai depois de Jesus e, por conseguinte, a mais magnificamente enaltecida pelos favores divinos. Todos os Anjos e Santos reunidos, em relação a Ela parecem ausentes, pois a soberana presença preenche o Céu e a Terra.

Marta Robin
"Prends ma vie Seigneur" (Entrego-te a minha vida, Senhor)

19 de agosto de 2008

Os ricos salvar-se-ão?

Não se trata de rejeitar os bens susceptíveis de ajudar o próximo. É da natureza das posses serem possuídas; como é da natureza dos bens difundir o bem; Deus destinou-os ao bem-estar dos homens. Os bens estão nas nossas mãos como ferramentas, como instrumentos dos quais retiramos bom uso, se soubermos manipulá-los. [...] A natureza fez das riquezas escravas, e não senhoras. Não se trata, pois, de as depreciar porque, em si mesmas, não são boas nem más, mas perfeitamente inocentes. Só de nós depende o uso, bom ou mau, que delas fizermos; o nosso espírito, a nossa consciência, são inteiramente livres para disporem à sua vontade dos bens que lhes foram confiados. Destruamos, pois, não os nossos bens, mas a cobiça que lhes perverte o uso. Quando nos tivermos tornado virtuosos, saberemos usá-los com virtude. Compreendamos que esses bens dos quais nos mandam desfazermo-nos são os desejos desregrados da alma. [...] Nada lucrais em largar o dinheiro que tendes, se continuardes a ser ricos em desejos desregrados. [...]

Eis de que forma concebe o Senhor o uso dos bens exteriores: temos de nos desfazer, não de um dinheiro que nos permite viver, mas das forças que nos levam a usá-lo mal, ou seja, das doenças da alma. [...] Temos de purificar a nossa alma, isto é, de a tornar pobre e nua, para nesse estado ouvirmos o chamamento do Salvador: «Vem e segue-Me». Ele é o caminho que percorre aquele que tem o coração puro. [...] Este considera que a fortuna, o ouro, a prata, as casas que possui, que tudo isso são graças de Deus, e mostra-Lhe o seu reconhecimento socorrendo os pobres com os seus próprios fundos. Ele sabe que possui esses bens, mais para os irmãos do que para si mesmo; longe de se tornar escravo das suas riquezas, é mais forte do que elas; não as encerra na sua alma. [...] E, se um dia o dinheiro lhe desaparecesse, aceitaria a ruína com a felicidade dos melhores dias. É esse o homem, afirmo eu, que Deus considera bem-aventurado e a quem chama «pobre em espírito» (Mt 5, 3), herdeiro certo do Reino dos Céus, que está fechado àqueles que não souberam desprender-se da sua opulência.

Clemente de Alexandria (150-c.215), teólogo
Homilia: «Os ricos salvar-se-ão?»

13 de agosto de 2008

Antes de tudo a concórdia e a paz

O Senhor disse: «Se dois de entre vós na terra unirem as suas vozes para pedir o que quer que seja, isso lhes será concedido por meu Pai que está nos céus. Quando dois ou três estão reunidos em meu nome, eu estou lá no meio deles». Mostra assim que não é o grande número dos que rezam, mas a sua unanimidade, que obtém mais graças. «Se dois de entre vós na terra unirem as suas vozes»: Cristo põe em primeiro lugar a unidade das almas, põe antes de tudo a concórdia e a paz. Que haja plena concordância entre nós, eis o que Ele constante e firmemente ensinou.

S. Cipriano (c. 200-258), bispo de Cartago e mártir
Da Unidade da Igreja, 12