19 de setembro de 2008

Apóstola dos apóstolos

Os Evangelhos informam-nos que as mulheres, diversamente dos Doze, não abandonaram Jesus na hora da Paixão. Entre elas destaca-se, em particular, Madalena, que presenciou a Paixão, mas que para além disso foi também a primeira testemunha do Ressuscitado e quem O anunciou. É precisamente para Maria de Magdala que S. Tomás de Aquino reserva a singular qualificação de «apóstola dos apóstolos», dedicando-lhe este bonito comentário: «Como uma mulher tinha anunciado ao primeiro homem palavras de morte, assim uma mulher foi a primeira a anunciar aos apóstolos palavras de vida».

Papa Bento XVI

13 de setembro de 2008

As mãos de Maria

É vontade de Deus que nada tenhamos senão pelas mãos de Maria.

São Bernardo

10 de setembro de 2008

A verdadeira dignidade

A verdadeira dignidade do homem e a sua excelência reside nos seus costumes, isto é, na sua virtude; a virtude é o patrimônio comum dos mortais, ao alcance de todos, dos pequenos e dos grandes, dos pobres e dos ricos; só a virtude e os méritos, seja qual for a pessoa em quem se encontrem, obterão a recompensa da eterna felicidade.

Papa Leão XIII
Rerum Novarum

8 de setembro de 2008

O primeiro ser plenamente humano

"Deus abandonará o seu povo até ao tempo em que der à luz aquela que há-de dar à luz..."
Livro de Miqueias 5

Quando chegou para a natureza humana o momento de se encontrar com a natureza divina e de ficar unida a ela tão intimamente que as duas não formassem senão uma só pessoa, cada uma delas devia necessariamente ter-se manifestado já na sua integridade. No que toca a Deus, Ele tinha-se revelado da maneira que convinha a Deus; a Virgem é aquela que dá à luz a natureza humana... Até parece que, se Deus se misturou com a natureza humana não na sua origem mas no fim dos tempos (Ga 4,4), foi porque, antes desse momento, esta natureza ainda não tinha plenamente nascido, ao passo que agora, em Maria, ela aparece pela primeira vez na sua integridade...
     
É tudo isto que viemos celebrar hoje, com todo o seu brilho. O dia do nascimento da Virgem é também o do nascimento da humanidade inteira, porque esse dia viu nascer o primeiro ser plenamente humano. Agora, "a terra" verdadeiramente "deu o seu fruto" (Sl 66,7), esta terra que, desde sempre, entre silvas e espinhos, apenas tinha produzido a corrupção do pecado (Gn 3,18). Agora o céu sabe que não foi criado em vão, uma vez que a humanidade, para a qual foi construido, vê a luz do dia...
      
É por isso que toda a criação faz subir até à Virgem um louvor sem fim, que todas as línguas cantam a sua glória em uníssono, que todos os homens e todos os coros dos anjos não cessam de compor hinos à Mãe de Deus. Também nós a cantamos e lhe oferecemos todos juntos o nosso louvor... Só a ti, Virgem digna de todo o louvor, assim com ao teu amor pelos homens, cabe apreciar o benefício da graça obtida não por nós mas pela tua generosidade. Escolhida como dom oferecido a Deus entre toda a nossa raça, revestiste de beleza o resto da humanidade. Santifica, pois, o nosso coração que concebeu as palavras que te dirigimos e impede o terreno da nossa alma de produzir qualquer mal, pela graça e bondade de teu Filho único, Senhor nosso Deus e nosso Salvador, Jesus Cristo.

São Nicolau Cabasilas (c. 1320-1363),
teólogo leigo grego

5 de setembro de 2008

O que Lhe entrega?

"Se você não entrega o seu coração a Deus, o que Lhe entrega?"


Padre Pio de Pietrelcina

Corresponder ao Criador

De entre todos os movimentos da alma, de entre todos os sentimentos e os afetos da alma, o amor é o único que permite à criatura corresponder ao seu Criador, senão de igual para igual, pelo menos de semelhante para semelhante.


São Bernardo (1091-1153),
monge cisterciense e doutor da Igreja

4 de setembro de 2008

Pescadores de homens

"Eis que vou enviar grande número de pescadores que os pescarão, oráculo do Senhor" (Jr 16,16). Mostra-nos assim a nossa grande missão: a pesca. Diz-se ou escreve-se por vezes que o mundo é como um mar. Há muita verdade nesta comparação. Na vida humana, como no mar, há períodos de calma e de tempestade, tranquilidade e ventos violentos. Os homens encontram-se frequentemente em águas amargas, entre grandes vagas; avançam no meio de tormentas quais tristes navegadores, até quando parecem alegres, mesmo exuberantes: as suas gargalhadas tentam dissimular o seu desencorajamento, a sua decepção, a sua vida sem caridade nem compreensão. Devoram-se uns aos outros, como os peixes.

Fazer de modo a que todos os homens entrem, de boa vontade, nas redes divinas e se amem uns aos outros, eis a tarefa dos filhos de Deus. Se somos cristãos, devemos transformar-nos nestes pescadores que descreve o profeta Jeremias com a ajuda de uma metáfora que Jesus Cristo igualmente empregou por várias vezes: "Vinde após mim e farei de vós pescadores de homens", disse ele a Pedro e a André.

S. José Maria Escrivá de Balaguer (1902-1975),
presbítero, fundador

3 de setembro de 2008

Ele fala-nos ao coração quando é o coração que lhe reza

Como não recordar um Mestre como este, que nos ensinou a oração, que a ensinou com tanto amor e com um tão vivo desejo de que ela nos seja proveitosa?... Sabeis que Ele nos ensina a rezarmos no isolamento. É assim que Nosso Senhor fazia sempre, quando rezava, não que isso lhe fosse necessário, mas porque queria dar-nos o exemplo. Já dissemos que não seríamos capazes de falar ao mesmo tempo a Deus e ao mundo. Ora não fazem outra coisa os que recitam as suas orações e, ao mesmo tempo, escutam o que se diz à volta deles, ou se demoram nos pensamentos que lhes ocorrem sem se preocuparem em afastá-los.

Não falo daquelas indisposições que aparecem por vezes e, ainda menos, da melancolia ou da fraqueza de espírito que afligem certas pessoas e as impedem de se recolher, apesar dos seus esforços. O mesmo acontece com aquelas tempestades interiores que às vezes podem perturbar os fiéis servos de Deus, mas que Este permite para seu maior bem. Na sua aflição, procuram em vão a calma. Façam o que fizerem, não conseguem estar atentos às orações que pronunciam. O seu espírito, longe de se fixar em nada, parte de tal maneira à aventura que eles parecem ter sido atingidos por uma espécie de frenesim. Pelo sofrimento que isso lhes provoca, verão bem que a culpa não é deles; não se atormentem, pois, por isso... Uma vez que a sua alma está doente, que se apliquem a conceder-lhe algum repouso e se ocupem em qualquer outra obra de virtude. É isso que devem fazer as pessoas que se vigiam a si mesmas e que compreendem que não se poderia falar a Deus e ao mundo ao mesmo tempo.

O que depende de nós é que tentemos estar no isolamento para rezar. Queira Deus que isso baste, repito, para compreendermos em presença de quem estamos e que resposta dá o Senhor aos nossos pedidos! Pensais que Ele se cala, de tal forma que não o ouçamos? Certamente que não. Ele fala-nos ao coração quando é o coração que lhe reza.

Santa Teresa de Ávila (1515-1582),
carmelita, doutora da Igreja