27 de junho de 2007

Seremos reconhecidos pelos nossos frutos

"Ninguém peca se professar a fé; ninguém odeia se professar a caridade."

Esforçai-vos por vos reunirdes com mais freqüência e por dardes ações de graças e louvores a Deus. Pois, quando vos reunis com freqüência, o poder de Satanás é abatido e as suas obras de ruína destruídas pela unanimidade da vossa fé. Nada ultrapassa a paz, que triunfa de todos os assaltos que nos fazem as potências celestiais e terrestres.

Nada disso vos está oculto, se dais a Jesus Cristo uma fé e um amor perfeitos, que são o começo e o fim da vida: o começo é a fé e o fim a caridade. Deus é as duas reunidas. Todas as outras virtudes que conduzem à perfeição decorrem destas duas primeiras. Ninguém peca se professar a fé; ninguém odeia se professar a caridade. “As árvores conhecem-se pelos seus frutos”; assim também, será pelas suas obras que se reconhecerão aqueles que fazem profissão de ser de Cristo. Porque a obra que hoje se nos pede não é uma simples profissão de fé, mas a prática da fé até ao fim.

Mais vale calar-se e ser do que falar sem ser. É bom ensinar, se aquele que ensina age. Temos um único mestre, aquele que “disse e todas as coisas foram feitas” (Sl 32, 9); até as obras que fez no silêncio são dignas de seu Pai. Aquele que compreende verdadeiramente a palavra de Jesus também pode compreender o seu silêncio; e então será perfeito: agirá pela sua palavra e dar-se-á a conhecer pelo seu silêncio. Nada está oculto ao Senhor; até os nossos segredos lhe são conhecidos. Façamos, pois, tudo com o pensamento de que Ele permanece em nós; seremos assim templos seus, e Ele será em nós o nosso Deus.

Santo Inácio de Antioquia (?-c. 110), bispo e mártir
Carta aos Efésios, 13-15

O patrimônio da Igreja

A grande maioria do patrimônio da Igreja Católica está nos imóveis como igrejas (templos), templos esses espalhados nas cidades pequenas e grandes em todo mundo, nos seminários para formação de padres, nas casas religiosas, nas obras de assistência aos pobres, milhares e milhares pelo mundo afora. A igreja da sua paróquia é do padre? Ele pode vendê-la quando bem entender? Claro que não! A igreja é do povo da paróquia, o conjunto das igrejas (templos) de uma diocese e outros imóveis como salões e casas paroquiais, é administrado pela própria diocese, mas não que o bispo possa dispor desses bens imóveis ao seu bel prazer ou usá-los em proveito próprio. Jamais.

Obras como a Fazenda da Esperança, hoje em evidência devido à visita do Papa, com muitas terras e boas construções – onde se recuperam milhares de jovens anualmente, constituem uma riqueza, mas frei Hans, seu fundador, não pode dispor dela e fazer o que bem quer. Estes bens existem para a recuperação de filhos de Deus que perderam sua dignidade.

E o Vaticano, com seu ouro, suas jóias? Esta conversa é mesmo de quem não conhece a Igreja. O Vaticano tem muitas peças sacras, pinturas e histórias gravadas nas paredes de suas capelas, tapetes e obras literárias. É patrimônio da humanidade. Ali estão, porque ao longo dos séculos pessoas de todas as partes do mundo foram presenteando os pontífices. Sua venda não mataria a fome de nem de 0,001% dos necessitados num curto espaço de tempo. O Estado do Vaticano é o menor país do mundo circundado pela cidade de Roma, do tamanho de uma quadra. O Papa não pode vender aquele pequeno pedaço de terra, ele é dos cristãos.

Pe. Crispim Guimarães
FONTE: http://www.progresso.com.br:80/not_view.php?not_id=30165

Alma não é fantasminha

Descartes foi o sujeito que inventou a idéia de que a alma é um fantasminha que mora em uma máquina (o corpo). O que estes cientistas estão descobrindo é exatamente o que São Tomás já afirmava setecentos anos atrás: que o ser humano não é um fantasminha que mora em uma máquina, sim uma coisa só, uma união substancial (substância é o termo para o que algo é. À pergunta "o que é isso" respondemos com sua substância: "meu carro", "o João", etc.) de corpo e alma. A alma, ensina-nos o Doutor Angélico, é o princípio de coerência do corpo ("forma", em termos metafísicos; nada a ver com formato, sim a ver com o que é ainda expresso em expressões como "transFORMAção"- uma coisa que vira outra, "reFORMA" - uma coisa que volta a ter sua coerência interna, etc.). Assim, tudo o que é função da alma o é também do corpo. As funções vegetativas (crescimento, sustentação da vida), sensitivas (sentidos) e intelectivas são feitas pelo corpo inFORMAdo pela alma, ou seja, são ação de corpo e alma, não só do corpo nem só da alma.

Carlos Ramalhete
http://groups.yahoo.com/group/tradicao-catolica/message/38445

9 de junho de 2007

Não matarás o fruto do ventre por aborto

Desde os seus inícios, o critianismo afirmou a ilicitude moral de todo aborto provocado. A Didaché, texto do século I, atribuído aos Apóstolos, considerado o primeiro catecismo da religião cristã, ensinava: «Não matarás o fruto do ventre por aborto, e não farás perecer a criança já nascida» (Didaché 2,2). Barnabé, o companheiro de Paulo Apóstolo, na Epístola que lhe é atribuída (não incluída nos livros canônicos da Bíblia), também afirma a absoluta ilicitude moral do aborto, o que consta também da conhecida Epístola a Diogneto, um documento cristão do século II. Neste mesmo século, o apologista cristão Atenágoras frisava que os cristãos têm na conta de homicidas as mulheres que utilizam medicamentos para abortar, e condenava os assassinos de crianças, incluindo igualmente no número destas as que vivem no seio materno, «onde elas já são objeto da solicitude da Providência divina».

Essa condenação moral do aborto ganhou forma jurídico-canônica quando os concílios do século III decretaram que quem praticasse o aborto ficaria excomungado. Depois disso, todos os concílios da Igreja católica mantiveram a pena de excomunhão.

Rodrigo R. Pedroso

Nomes e números

Que quer dizer esta expressão: nome de Deus?... No livro do Apocalipse, o adversário de Deus, a Besta, não tem um nome mas um número: 666 (Ap 13,18). A Besta é número e transforma os seres em números. O que isso significa sabemo-lo bem, nós que fizemos a experiência dos campos de concentração; o seu horror vem justamente do fato de apagarem os rostos... Quanto a Deus, Ele tem nomes e chama por um nome. É pessoa e procura a pessoa. Tem um rosto e procura o nosso rosto. Tem um coração e procura o nosso coração. Para Ele, nós não somos funções na grande máquina do mundo, mas são precisamente aqueles que não têm nenhuma função que são os seus. O nome é a possibilidade de ser chamado, é a comunhão.

É por isso que Jesus é o verdadeiro Moisés, o cumprimento da revelação do nome. Não vem trazer-nos, como nome, uma nova palavra; faz mais: é Ele mesmo a face de Deus. É Ele mesmo o nome de Deus; é a própria possibilidade que Deus tem de ser chamado "tu", de ser chamado como pessoa, como coração. O seu nome próprio "Jesus" leva à plenitude o nome misterioso da sarça ardente (Ex 3,14); agora percebe-se claramente que Deus não tinha acabado de falar, que apenas tinha interrompido provisoriamente o seu discurso. Porque o nome de Jesus contém a palavra "Yahvé" na sua forma hebraica e acrescenta-lhe outra coisa: "Deus salva". Yahvé, isto é, "Eu sou aquele que sou" quer agora dizer, compreendido a partir do nome de Jesus: "Eu sou aquele que vos salva". O seu ser é salvação.

Cardeal Joseph Ratzinger [Papa Bento XVI]

6 de junho de 2007

A Igreja condenou a escravidão

Em 1537, o Papa Paulo III publicou a Bula Veritas Ipsa (também chamada Sublimis Deus), condenando a escravidão dos 'índios e as mais gentes'.

Dizia o documento, aqui transcrito em português da época que "com authoridade Apostolica, pello teor das presentes, determinamos, & declaramos, que os ditos Indios, & todas as mais gentes que daqui em diante vierem á noticia dos Christãos, ainda que estejão fóra da Fé de Christo, não estão privados, nem devem sello, de sua liberdade, nem do dominio de seus bens, & que não devem ser reduzidos a servidão".

O totalitarismo nasce da negação da verdade

O totalitarismo nasce da negação da verdade em sentido objetivo: se não existe uma verdade em sentido transcendente, na obediência à qual o Homem adquire a sua plena identidade, então não há qualquer princípio seguro que garanta relações justas entre os homens…se não se reconhece a verdade transcendente, triunfa a força do poder…a raiz do totalitarismo moderno, portanto, deve ser reconhecida na negação da transcendente dignidade da pessoa humana.

João Paulo II (O Esplendor da Verdade)

O homem total

“Espero a Ressurreição dos mortos e a vida do mundo que há-de vir” (Credo)

O cristianismo não promete apenas a salvação da alma, num qualquer além onde desaparecem todos os valores e todas as coisas preciosas deste mundo, como se ele fosse um cenário que tivesse sido construído para desaparecer em seguida. O cristianismo promete a eternidade daquilo que se realizou neste mundo.

Deus conhece e ama este homem total que somos atualmente. É, pois, imortal aquilo que cresce e se desenvolve na nossa vida atual. É no nosso corpo que sofremos e amamos, que esperamos, que experimentamos alegria e tristeza, que progredimos no tempo. Tudo quanto assim cresce na nossa vida atual, tudo isso é imperecível. É imperecível aquilo que nos tornamos no nosso corpo, o que cresceu e amadureceu no coração da nossa vida, em ligação com as coisas deste mundo. É “o homem total”, tal como se encontra situado neste mundo, tal como viveu e sofreu, que será um dia levado para a eternidade de Deus e que terá parte, no próprio Deus, na eternidade. É isso que deve encher-nos de uma alegria profunda.

Cardeal Joseph Ratzinger [Papa Bento XVI]

4 de junho de 2007

Tertuliano e a simplicidade

Desde o ponto de vista humano, pode-se falar sem dúvida do drama de Tertuliano. Com o passar do tempo, ele se tornou cada vez mais exigente com os cristãos. Pretendia deles em toda circunstância, e sobretudo nas perseguições, um comportamento heróico. Rígido em suas posições, não poupava duras críticas e acabou inevitavelmente isolando-se. De fato, hoje em dia ainda ficam abertas muitas questões, não só sobre o pensamento teológico e filosófico de Tertuliano, mas também sobre sua atitude ante as instituições políticas da sociedade pagã.

Esta grande personalidade moral e intelectual, este homem que ofereceu uma contribuição tão grande ao pensamento cristão, me faz refletir muito. Vê-se no final que lhe falta a simplicidade, a humildade para integrar-se na Igreja, para aceitar suas fraquezas, para ser tolerante com os outros e consigo mesmo.

Papa Bento XVI

Pensamentos de Frei Damião

Sofrimento: "Sofrimento não é indiferença de Deus. Esta vida é apenas uma preparação para a outra; esta, sim, é importante. Daí, precisamos sofrer nessa existência para termos merecimento na outra."

Confissão: "Confessai vossos pecados. Não adianta me pedirem remédio, que eu não sou médico. Se não tiverdes os pecados graves, confessai os pecados leves. Se ainda não os tiverdes, confessai então os pecados já confessados. O que não pode haver é confissão sem pecados."

Milagre: "O povo inventa milagres. É o sentimento religioso popular. Os sertanejos dizem que sou responsável pelos resultados que nossas orações conjuntas trazem. Mas o milagre só vem com merecimento e fé."

Vida: "Vivemos hoje como se eterna devesse ser nossa morada sobre a terra. Que outra coisa faz a maior parte de nós? Grande parte da vida, empregamos em fazer o mal. Outra grande parte, em nada fazer. E toda ela, em fazer aquilo que não deveria ser feito, em pecados, prazeres sinistros, desonestidades, conversas supérfluas, danças, jogos, divertimentos. Corremos atrás dos bens efêmeros da vida até merecermos a condenação eterna."

Políticos: "Os políticos prometem muito e nem sempre cumprem. Mas, de que vale essas promessas que são para coisas materiais? Devemos pensar nas coisas da alma."

Brasil: "O país é ótimo. Muito tranquilo, não tem greve nem comunismo."

Governo: "O governo não pode fazer tudo, quando tem uma seca aqui no sertão."

Objetivos de suas missões para os sertanejos: "Livrá-los do Demônio, que queria afastá-los da Igreja, fazê-los abraçar outro credo. Muitos que viviam amancebados, ajustaram casamento. Homens casados que pecavam com outras mulheres, voltaram para casa a fim de cumprir o matrimônio perfeito, fugindo das tentações da carne. Prego pelo Nordeste inteiro e sempre tratei o povo bem. Quero bem ao povo, com carinho, aconselhando para o bem."

Chegada do homem à lua: "É muito importante porque pode ser um meio para se descobrir outros planetas." Namoro: "Só na frente dos pais, com uma pessoa solteira. E deve ser breve, com casamento à vista."

Calças compridas para as mulheres: "Para vós (mulheres que usam calças compridas) está reservado um lugar bem fundo no inferno."

Minissaia: "Eu condeno sempre a minissaia. Minissaia não presta, não. É causa de muitos pecados. Muitos homens já perderam a cabeça por causa desse exagero das mulheres."

Os jovens: "Fazem o que não deveria ser feito, em pecados, prazeres sinistros, desonestidades, conversas inúteis, visitas supérfluas, jogos, danças, divertimentos. Correm atrás dos bens efêmeros dessa vida até merecerem a condenação eterna. Para eles, está mais vivo o fogo do inferno."

Casamento: "Viver com uma mulher sem ser casado com ela na Igreja, está errado. O casamento na Justiça não é o bastante. Deus não confirma essa união, ela não existe. Estão ouvindo? Tem que casar na Igreja."

Pílula: "A pílula não é boa, Deus não gosta. Para evitardes filhos, podeis, apenas, não usar dos vossos direitos matrimoniais. E podeis fazer isso, se quiserdes, pela vida inteira, de comum acordo com os vossos maridos."

Divórcio: "O matrimônio só é quebrado por morte da esposa ou do esposo. Quem deixa o casamento para casar com outro no civil, estará no inferno de cabeça para baixo."

Dança: "A dança é um elemento da perdição. Quando um homem e uma mulher se ajuntam para dançar, não pode sair nada de bom disso tudo. Então, sobrevêm os maus pensamentos, os desejos pecaminosos, o pecado."

Beijo: "Um beijo dado no rosto da namorada, como um beijo dado numa parenta, não tem nada demais, estão ouvindo? Agora, um beijo na boca, um beijo de língua, isso não. É pecado."

Adultério: "O adultério é um pecado tão nefasto, que os povos sempre o puniram com os mais tremendos castigos; os hebreus do Velho Testamento apedrejavam os adúlteros; os egípcios decepavam o nariz da mulher adúltera; os árabes decapitavam os culpados; os filhos adulterinos tinham os olhos arrancados; entre os antigos germanos, o castigo do adultério da mulher era reservado também ao marido: ele era preso e a mulher expulsa de casa depois de ter os cabelos cortados e despojada de suas vestes; em seguida, a mulher era levada a chicotadas pela aldeia. E como se pune o adultério depois da morte? Com o inferno! Homem que mantém relações com uma coruja fora de casa, aos infernos!"

Demônio: "O demônio existe, estão ouvindo? Ele existe. Em Mirandiba (cidade do interior pernambucano), entrei numa casa abandonada e ele me jogou sete pedras."

Inferno: "No inferno só há sofrimento. Lá, o calor é bilhões de vezes pior que no Nordeste. As labaredas sobem e queimam sem parar os corpos dos adúlteros, das prostitutas, dos afeminados, dos criminosos. Lá, é o lugar onde vive o demônio."

Apascenta as minhas ovelhas

O Senhor pergunta a Pedro se ele o ama, coisa que já sabia; e pergunta-o, não uma vez mas duas e mesmo três. E, de cada vez, Pedro responde que o ama; e, de cada vez, Jesus lhe confia o cuidado de apascentar as suas ovelhas. À sua tripla renúncia responde aqui uma tripla afirmação de amor. É preciso que a sua língua sirva o seu amor, tal como serviu o seu medo; é preciso que a sua palavra dê testemunho de uma forma tão clara diante da vida como a que fez diante da morte. É preciso que ele dê uma prova de amor ocupando-se do rebanho do Senhor, tal como deu prova de temor renegando o Pastor.

Torna-se evidente que aqueles que se ocupam das ovelhas de Cristo, com a intenção de fazer delas ovelhas suas mais do que de Cristo, têm para com elas um afeto maior do que o que experimentam para com Cristo. É o desejo da glória, do poder e do proveito que os conduz e não o amoroso desejo de obedecer, de socorrer e de agradar a Deus. Esta palavra três vezes repetida por Cristo condena aqueles que fazem gemer o apóstolo Paulo quando os vê buscar os seus interesses mais que os de Jesus Cristo (Fl 2,21). Com efeito, que significam estas palavras: "Amas-me? Apascenta as minhas ovelhas"? É como se dissesse: Se me amas, não te ocupes de ti mesmo mas das minhas ovelhas; olha-as não como tuas mas como minhas; nelas, procura a minha glória e não a tua, o meu poder e não o teu, os meus interesses e não os teus... Não nos preocupemos, pois, conosco mesmos; amemos o Senhor e, ocupando-nos das suas ovelhas, procuremos o interesse do Senhor sem nos inquietarmos com o nosso.

Santo Agostinho (354-430), bispo de Hipona (Norte de África) e doutor da
Igreja
Sermões sobre S. João, 122, 2-4 ; 123, 5

1 de junho de 2007

A forma de ler o mundo do relativismo

"Há uma onda que varre o Brasil [...] que nos diz que texto não vale nada, e sim o contexto. Trata-se de uma urdidura intelectual bem mais ampla do que se supõe: é a forma de ler o mundo do relativismo, daqueles cuja moral e cujo norte ético estão em constante mudança e sempre servem à ocasião."

Reinaldo Azevedo