De urbis excidio
De urbis excidio. Nossas cidades foram arrasadas.
Na catástrofe que se abateu sobre o Vale do Itajaí, tivemos uma oportunidade para observar a natureza humana como que sob uma lente de aumento. As escolhas morais em um momento como este ficam mais aparentes.
As pessoas, quando escolhem, se posicionam e se dividem em dois campos. Trigo ou joio. Ovelhas ou carneiros. Do lado direito e do lado esquerdo.
Houve quem esquecesse de suas próprias necessidades para ajudar os outros em abrigos e quem aplicasse golpes na praça a pretexto de recolher ajuda.
Uns acolheram estranhos em suas casas; outros entraram nas casas abandonadas para furtar.
Houve quem distribuísse pão a preço de custo ou mesmo de graça e quem praticasse preços abusivos aproveitando-se de pessoas que não tinham opção.
Pessoas organizaram páginas com informações vitais na Internet. Outras criaram comunidades para fazer piadas macabras sobre a tragédia.
Voluntários se juntaram às forças de trabalho. Outros passavam trotes usando as linhas de emergência.
Inúmeros anônimos ajudaram discretamente sem que uma mão soubesse o que a outra estava fazendo, enquanto alguns famosos aproveitavam os holofotes para se promover ainda mais.
Como ensinou Santo Agostinho, convivem na Terra duas cidades: a cidade de Deus e a cidade dos homens. E nesta tragédia vimos as duas claramente.
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