12 de setembro de 2007

Humildade: felizes os pobres

Como quase todos os homens são naturalmente conduzidos ao orgulho, o Senhor começa as Bem-aventuranças por afastar o mal original da auto-suficiência, aconselhando-nos a imitar o verdadeiro Pobre voluntário que é verdadeiramente feliz – de maneira a parecermo-nos com Ele por via de uma pobreza voluntária, segundo as nossas capacidades, para participarmos na Sua bem-aventurança, na Sua felicidade. “Tende entre vós os mesmos sentimentos que havia em Cristo Jesus: Ele, que era de condição divina, não reivindicou o direito de ser equiparado a Deus. Mas despojou-Se a Si mesmo, tomando a condição de servo” (Fil 2, 5-7).

Haverá coisa mais miserável para Deus do que tomar a condição de servo? Haverá coisa mais ínfima para o Rei do universo do que partilhar a nossa natureza humana? O Rei dos reis e Senhor dos senhores, o Juiz do universo, paga impostos a César (1 Tim 6, 17; Heb 12, 23; Mc 12, 17). O Senhor da criação abraça este mundo, vem por uma gruta por não ter lugar na estalagem, refugia-se num estábulo, na companhia de animais irracionais. Aquele que é puro e imaculado toma sobre Si as manchas da natureza humana e, depois de ter partilhado toda a nossa miséria, vai a ponto de fazer a experiência da morte. Considera a desmesura da Sua pobreza voluntária! A Vida toma o gosto da morte, o Juiz é levado a tribunal, o Senhor da vida de todos submete-Se a um magistrado, o Rei das potências celestes não se subtrai às mãos dos carrascos. É por estes exemplos, diz o apóstolo Paulo, que podemos medir a Sua humildade (Fil 2, 5-7).

São Gregório de Nissa (c. 335-395), monge e bispo
Homilias sobre as Bem-aventuranças, 1

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