Devolvamos ao Senhor
"Que tens tu que não tenhas recebido?", diz-nos S. Paulo (1 Co, 4,7). Não sejamos, pois, avaros dos nossos bens como se eles nos pertencessem... Confiaram-nos a sua responsabilidade; temos o uso de uma riqueza comum, não a posse eterna de um bem que nos seja próprio. Se reconheceres que esse bem só é teu cá em baixo por um tempo limitado, poderás adquirir no céu uma possessão que não terá fim. Lembra-te daqueles servos que, no Evangelho, tinham recebido talentos do seu patrão e do que o patrão, ao regressar, entregou a cada um deles; compreenderás então que depositar o seu dinheiro no banco do Senhor para o fazer dar frutos é muito mais proveitoso do que conservá-lo com uma fidelidade estéril sem que renda nada para o credor e com grande prejuizo para o servo inútil, cujo castigo será tanto mais pesado...
Apresentemos, pois, ao Senhor os bens que dEle recebemos. Com efeito, não possuimos nada que não seja um dom do Senhor e só existimos porque Ele o quer. Que poderíamos considerar como nosso, se nada nos pertence, devido a uma dívida enorme e privilegiada? Porque Deus criou-nos, mas também nos resgatou. Rendamos-Lhe graças por isso: resgatados por grande preço, o preço do sangue do Senhor, nós não somos coisas sem valor... Devolvamos ao Senhor o que Ele nos deu. Devolvamos Àquele que recebe na pessoa de cada pobre. Devolvamos com alegria, para receber dEle com júbilo, tal como nos prometeu.
S. Paulino de Nola (355-431), bispo
Carta 34, 2-4
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