8 de novembro de 2007

Nada preferir a Cristo

Nosso Senhor Jesus Cristo disse a todos, por várias vezes e dando diversas provas: "Se alguém quiser vir após mim, que renuncie a si mesmo, tome a sua cruz e siga-me" e também "Aquele de entre vós que não renunciar a tudo o que tem não pode ser meu discípulo". Parece, pois, exigir a renúncia mais completa... "Onde estiver o teu tesouro, diz noutra altura, aí estará o teu coração" (Mt 6,21). Portanto, se reservarmos para nós bens terrestres ou qualquer provisão fugaz, o nosso espírito permance ali atolado como que na lama. É então inevitável que a nossa alma fique incapaz de contemplar Deus e se torne insensível aos desejos dos esplendores do céu e dos bens que nos foram prometidos. Só poderemos obter esses bens se os pedirmos sem cessar, com um desejo ardente que, de resto, nos tornará leve o esforço para os atingir.

Renunciar a nós mesmos é, pois, soltar os laços que nos prendem a esta vida terrestre e passageira, libertar-nos das contingências humanas, a fim de sermos mais capaz de caminhar na via que conduz a Deus. É libertar-nos dos entraves a fim de possuir e usar bens que são "muito mais preciosos do que o ouro e a prata" (Sl 18,11). E, para dizer tudo, renunciar a nós mesmos é transportar o coração humano para a vida no céu, de tal forma que possamos dizer: "A nossa pátria está nos céus" (Fl 3,20). E, sobretudo, é começar a tornar-nos semelhantes a Cristo, que se fez pobre por nós, ele que era rico (2 Co 8,9). Devemos assemelhar-nos a ele se quisermos viver conforme o Evangelho.

S. Basílio (c. 330-379),
monge bispo de Cesareia na Capadócia, doutor da Igreja

Grandes Regras Monásticas; questão 8

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